Friday, November 30, 2007
Amigos
Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objecto dela se divida em outros afectos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências...
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não têm noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.
E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer ...
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!
A gente não faz amigos, reconhece-os".
Vinícius de Moraes
Thursday, November 29, 2007
Há muito tempo....
"O Caos não tem estátua nem figura e não pode ser imaginado; é um espaço que só pode ser conhecido pelas coisas que nele existem e ele contém o universo infinito."
Frances A. Yates
“Estamos perdidos há muito tempo... O país perdeu a inteligência e a consciência moral. Os costumes estão dissolvidos, as consciências em debandada. Os caracteres corrompidos. A prática da vida tem por única direcção a conveniência. Não há princípio que não seja desmentido. Não há instituição que não seja escarnecida. Ninguém se respeita. Não há nenhuma solidariedade entre os cidadãos. Ninguém crê na honestidade dos homens públicos. Alguns agiotas felizes exploram. A classe média abate-se progressivamente na imbecilidade e na inércia. O povo está na miséria. Os serviços públicos são abandonados a uma rotina dormente. O estado é considerado na sua acção fiscal como um ladrão e tratado como um inimigo. A certeza deste rebaixamento invadiu todas as consciências. Diz-se por toda a parte, o país está perdido!”
Eça de Queiroz escreveu este texto em 1871.....
Wednesday, November 28, 2007
Tuesday, November 27, 2007
Gangster Americano
Do prestigiado realizador Ridley Scott, o filme baseia-se na história verídica de um gangster do Harlem que cria um poderoso império da droga com ligações directas aos seus fornecedores de heroína no Vietnã , e de um policial honesto e determinado a apanhá-los. Com Denzel Washington (gangster) e Russel Crowe (policial) nos papéis principais, em excelentes interpretações, o filme assenta na dicotomia de personalidades e na contradição dos comportamentos dos dois personagens: o gangster é um homem afeito à família, aos amigos, à religião, com valores tradicionais, enquanto que o policial é instável, inconsistente, relaciona-se com criminosos. Esse jogo de contrastes, de diferentes códigos de ética é o que torna o enredo muito interessante. Um filme a não perder!
Monday, November 26, 2007
À procura da poesia
Não faças versos sobre acontecimentos.
Carlos Drummond de Andrade
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático, não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo, esse excelente, completo e
confortável corpo, tão infenso à efusão lírica.
Tua gota de bile, tua careta de gozo ou de dor no escuro são indiferentes.
Nem me reveles teus sentimentos,
que se prevalecem do equívoco e tentam a longa viagem.
O que pensas e sentes, isso ainda não é poesia.
Não cantes tua cidade, deixa-a em paz.
O canto não é o movimento das máquinas nem o segredo das casas.
Não é música ouvida de passagem,
rumor do mar nas ruas junto à linha de espuma.
O canto não é a natureza nem os homens em sociedade.
Para ele, chuva e noite, fadiga e esperança nada significam.
A poesia (não tires poesia das coisas) elide sujeito e objeto.
Não dramatizes, não invoques, não indagues.
Não percas tempo em mentir. Não te aborreças.
Teu iate de marfim, teu sapato de diamante,
vossas mazurcas e abusões, vossos esqueletos de família
desaparecem na curva do tempo, é algo imprestável.
Não recomponhas tua sepultada e merencória infância.
Não osciles entre o espelho e a memória em dissipação.
Que se dissipou, não era poesia.
Que se partiu, cristal não era.
Penetra surdamente no reino das palavras.
Lá estão os poemas que esperam ser escritos.
Estão paralisados, mas não há desespero,
há calma e frescura na superfície intata.
Hei-los sós e mudos, em estado de dicionário.
Convive com teus poemas, antes de escrevê-los.
Tem paciência se obscuros.
Calma, se te provocam.
Espera que cada um se realize e consume
com seu poder de palavra e seu poder de silêncio.
Não forces o poema a desprender-se do limbo.
Não colhas no chão o poema que se perdeu.
Não adules o poema.
Aceita-o como ele aceitará sua forma definitiva e concentrada no espaço.
Chega mais perto e contempla as palavras.
Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra
e te pergunta, sem interesse pela resposta,
pobre ou terrível, que lhe deres:
Trouxeste a chave?
Repara: ermas de melodia e conceito
elas se refugiaram na noite, as palavras.
Ainda úmidas e impregnadas de sono,
rolam num rio difícil e se transformam em desprezo.
Carlos Drummond de Andrade
Saturday, November 24, 2007
Friday, November 23, 2007
Ante o futuro
Não adianta indagar do futuro, ociosamente, para satisfazer a curiosidade irrequieta ou inútil.
Vale construí-lo em bases que a lógica nos traça generosamente à visão.
Não desconhecemos que nosso amanhã será a invariável resposta do mundo ao nosso hoje.
E aos nossos pés a natureza sábia e simples nos convida a pensar:
O arado preguiçoso deve aguardar a ferrugem.
A leira abandonada receberá o assalto da planta daninha.
A casa relegada ao abandono será pasto dos vermes que lhe corroem a estrutura.
O pão desaproveitado repousará na sombra do mofo.
A fonte que se consagra ao movimento atingirá a paz do oceano.
A flor leal ao destino que lhe é próprio converter-se-á em fruto benfazejo.
A plantação amparada com segurança distribuirá bênçãos à mesa.
E o minério obediente aos golpes do malho transformar-se-á em peça de alto preço.
Sabemos, assim, que é possível edificar o futuro e recolher-lhe os dons de amor e vida.
Escolhe a bondade por lema de cada dia, não desistas de aprender,
infatigavelmente e, com os braços no serviço incessante caminharás desde hoje, sob a luz da vitória, ao encontro de glorioso porvir.
Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Thursday, November 22, 2007
Caso Casa Pia de Lisboa
A Casa Pia de Lisboa é a maior instituição portuguesa dedicada ao acolhimento, educação, ensino e inserção social de crianças e jovens sem apoio familiar normal ou em risco de exclusão social. Em 2002 rebenta o escândalo da existência de práticas de pedofilia e abusos sexuais naquela instituição, que põe o país em estado de choque, devido ao envolvimento de figuras sonantes na sociedade portuguesa que vão sendo mencionados ao longo do processo. O julgamento começa em 2004 e três anos após, o processo principal já soma quase 50.000 páginas em 214 volumes, de acordo com notícia do Diário Digital/Lusa. A esse ritmo, ainda chega-se à prescrição, acabando em águas de bacalhau. É tudo muito asqueroso e repugnante. Mais nada.
Gaivota malandra
Uma gaivota na Escócia desenvolveu o acto de roubar "chips" de uma loja. Ela espera o atendente se distrair, entra na loja e agarra um pacotinho de "Doritos Queijo". Lá fora o pacote é rasgado e ela divide com os outros pássaros.
O episódio começou no início do mês quando ela entrou pela primeira vez na loja em Aberdeen. Desde então ela tem sido uma "cliente assídua". Sempre pega o mesmo tipo de salgadinho. Os clientes começaram a pagar pelos pacotinhos roubados por acharem o facto muito engraçado.
Prestem atenção na diferença da velocidade dela quando entra na loja e depois quando sai ......
Wednesday, November 21, 2007
Motivo
Gustav Klimt (1862-1918)
Eu canto porque o instante existe
The Hope II (MoMa)
Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou se desfaço,
- Não sei, não sei.
Não sei se fico ou passo.
Sei que canto.
E a canção é tudo.
Tem sangue eterno e asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles
Tuesday, November 20, 2007
Monday, November 19, 2007
A maior solidão
A maior solidão é a do ser que não ama.
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete.
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
Vinícius de Moraes
A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.
A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete.
Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre.
Vinícius de Moraes
Sunday, November 18, 2007
O vôo até a Lua
Casino Lisboa
Temos tido uns fins de semana bastante movimentados. Como sabem, a vida nocturna em Lisboa é conhecida como das melhores da Europa, pela ampla oferta e diversidade de restaurantes, bares e discotecas, espectáculos, concertos e etc., o que torna os momentos de diversão irresistíveis… Ontem escolhemos uma incursão ao Casino Lisboa, com direito a show no Arena Lounge. Estava a maior “muvuca”, ou seja, super movimentado.
Inaugurado em Abril de 2006, o Casino Lisboa encontra-se localizado junto ao Rio Tejo, em pleno Parque das Nações. Integrado num pólo turístico emergente, servido por quatro unidades hoteleiras o Casino Lisboa desfruta de uma localização privilegiada. Trata-se de um edifício onde o minimalismo de uma arquitectura depurada, a privilegiar alturas e a potenciar espaços, contrasta com a luminosidade opalina de pisos e paredes de vidro que se fundem em mutação cromática com sedutoras soluções de multimédia de última geração.
O Casino Lisboa tem à disposição dos seus visitantes quatro bares, três dos quais prestam serviço de apoio às salas de jogo. Destes quatros bares distingue-se o Arena Lounge no núcleo central do edifício. Também apresenta uma diversidade de restaurantes que lhe permitem, a cada momento, escolher o mais adequado à sua disposição. Desde o espaço gourmet Pragma, com uma cozinha de assinatura de Fausto Airoldi, até ao serviço rápido e informal – ainda que atencioso - do Atrio, passando pelo sofisticado e avant-garde SpotLX. Vale a pena ir conhecer!
Visite o link: http://www.casinolisboa.pt/
Inaugurado em Abril de 2006, o Casino Lisboa encontra-se localizado junto ao Rio Tejo, em pleno Parque das Nações. Integrado num pólo turístico emergente, servido por quatro unidades hoteleiras o Casino Lisboa desfruta de uma localização privilegiada. Trata-se de um edifício onde o minimalismo de uma arquitectura depurada, a privilegiar alturas e a potenciar espaços, contrasta com a luminosidade opalina de pisos e paredes de vidro que se fundem em mutação cromática com sedutoras soluções de multimédia de última geração.
O Casino Lisboa tem à disposição dos seus visitantes quatro bares, três dos quais prestam serviço de apoio às salas de jogo. Destes quatros bares distingue-se o Arena Lounge no núcleo central do edifício. Também apresenta uma diversidade de restaurantes que lhe permitem, a cada momento, escolher o mais adequado à sua disposição. Desde o espaço gourmet Pragma, com uma cozinha de assinatura de Fausto Airoldi, até ao serviço rápido e informal – ainda que atencioso - do Atrio, passando pelo sofisticado e avant-garde SpotLX. Vale a pena ir conhecer!
Visite o link: http://www.casinolisboa.pt/
Saturday, November 17, 2007
Tempo
1 Tudo tem seu tempo determinado,
e há tempo para todo o propósito debaixo do céu:
2 Há tempo de nascer, e tempo de morrer;
tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou.
3 Tempo de matar, e tempo de curar,
tempo de derribar, e tempo de edificar.
4 Tempo de chorar, e tempo de rir;
tempo de prantear, e tempo de saltar.
5 Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras;
tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar.
6 Tempo de buscar, e tempo de perder;
tempo de guardar, e tempo de deitar fora.
7 Tempo de rasgar, e tempo de coser;
tempo de estar calado, e tempo de falar.
8 Tempo de amar, e tempo de aborrecer;
tempo de guerra, e tempo de paz.
Eclesiastes, Capítulo 3, versículos 1 a 8
Friday, November 16, 2007
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