"Eu ainda te esperava
Não vinhas, mas te esperava
Em cada olhar que me lembrava o teu eu te buscava
Em cada hora que antecedia a sua
Eu cegava os olhos no ponteiro mudo e te sonhava
Eu já te esperava
Não com paciência, mas como quem tem pressa
Como quem apressa os dias nos seus passos
Corria ao teu encontro quando ouvia rumores da tua vinda
Boatos da tua chegada alvoroçavam minha cidade
Seguia teus cabelos em rostos alheios
Seguia tua face n’outras faces
Pra me convencer de que já chegara
Mas mesmo em outros braços eu te esperava
Porque sabia que inda vinhas
D’outras terras outras paragens
Em outros portos eu te aguardava
N’outras viagens outras bagagens
Em lendas esquecidas
Nas ruinas dos antigos templos
Nos momentos em que menos podia, inda sorria e te esperava
Na conversa sobre o monte citava teu nome aos Incas
Quando falavam de amor dançava à tua espera
Catava estórias das folhas mortas que o outono seco levava ao chão
Inventava livros do vento vivo orvalho manso na minha mão
Como ainda fosse criança, como ainda circulasse pelo sangue a inocência
Na sacada as mulheres se punham
E delas eu fazia o seu jardim
Dos perfumes pelas ruas compunha tua canção
Roubava o pão de outras mãos e preparava o teu jantar
E mesmo que me furtassem a vida, a vinda
Mesmo que acabasse ainda o meu tempo
E me roubassem a urgência
Eu te esperaria
Porque como veio,
eu sabia que vinhas."
Copiado do blog "Notas do Subterrâneo"
1 comment:
Beautiful picture!
Have a nice day!
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