Cantador, saí menino,
cantando pelo sertão;
quando quiseram pisar-me,
pisei as pedras de chão...
Desde aí ganhei o mundo...
De noite, a minha viola,
de dia, o rifle na mão...
Onde estou, deitam comigo
na rede de estimação,
meu punhal e o tira-teima,
os dois no alcance da mão.
Para não perder o jeito,
a cartucheira cruzada
por cima do coração...
Cangaceiro, é no cangaço
que o meu destino me quer.
Comigo tenho de tudo,
para o que der e vier:
— carne-de-sol, rapadura,
meu beiju de mandioca,
fumo, cachaça e mulher...
O valente que me afronte
deve rezar com fervor,
e escolher reza pequena,
que eu não sou bom rezador.
Se me ouvir, não perde tempo:
eu tenho o corpo fechado,
morrer só morro de amor...
Judas Isgorogota
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