Lisboa está no avesso

Devido à Cimeira União Europeia-África que se realiza neste fim de semana na FIL, no Parque das Nações, em Lisboa, a cidade já começou a ficar um verdadeiro pandemónio. Começam a chegar os chefes de governo europeus e africanos, cerca de 1500 membros de comitivas de 80 países, mais as delegações de 14 países com o estatuto de observadores, cerca de 20 instituições internacionais e duas da sociedade civil. Inclui ainda 1500 jornalistas, num total de quase cinco mil pessoas. É o maior encontro de chefes de estado de sempre, em todo o mundo. Vão aterrar mais de uma centena de aviões na Portela, para além do tráfego aéreo normal. Todos os doze hotéis de cinco estrelas de Lisboa estão esgotados. As unidades de quatro e três estrelas também. A delegação angolana ficou com 80 quartos no Ritz. Há cerca de 300 carros de luxo, limusinas e carrinhas reservados para as deslocações das comitivas. Todas as forças de segurança do país estão envolvidas na mega-operação, em alerta máximo. A cidade está uma fortaleza, em terra e no ar. O trânsito, então, nem se fala... E tudo aqui perto da minha casa.

O ar mais exótico disso tudo veio da parte do presidente líbio, Muammar Khadafi, que por não gostar de pernoitar em hotéis, preferiu mandar armar sua tenda, o que certamente foi um imprevisto para a organização portuguesa. A mesma foi montada no Forte de S. Julião da Barra, em Oeiras. Um sapo que muita gente também vai ter que engolir é a presença de Robert Mugabe, presidente do Zimbabwe, mas bem feito, convidaram-no e agora tomem com ele.

O objectivo é bastante claro: a Europa quer reforçar as relações e por isso vai enviar dois mil milhões de euros (bilhões) para o continente africano. Esta é a verba anual que a UE vai disponibilizar para ajudar o desenvolvimento económico do continente à partir de 2010. Em 2008 serão 1,2 mil milhões de euros e 1,6 mil milhões de euros em 2009. À título de ajuda à implementação da paz naquele continente, a Europa vai conceder mais 600 milhões de euros. O futuro dirá se o esforço valeu a pena.